Bailarino catarinense se destaca nos palcos mineiros

No último domingo aconteceu o encerramento e premiação do Concurso Passo de Arte – MG em Belo Horizonte. Dentre os bailarinos que dançaram no concurso, João Vitor Rosa, 19, destacou-se ganhando os prêmios de 1º lugar (com um solo contemporâneo de sua autoria) e também como melhor bailarino.

João Vitor, durante a entrevista com nossa equipe (Foto: Ana Carolina Rodrigues)

João Vitor, durante a entrevista com nossa equipe (Foto: Ana Carolina Rodrigues)

João Vitor começou a dançar como um hobby, por influência da irmã. “Minha irmã dançava desde criança, porém comecei a dançar mais tarde, quando o professor dela me convidou”. Por morar em uma cidade pequena, ele nos conta que teve que sair de casa cedo para ir atrás de seu objetivo.  “Comecei na minha cidade, em Santa Catarina, e 1 ano depois eu fui para a escola de formação do Bolshoi. Com apenas 14 anos saí da casa dos meus pais e me formei em dança contemporânea no final de 2013”.

Assim que se formou, João conheceu o Ballet Jovem do Palácio das Artes. “Logo que me formei, eu vim para Belo Horizonte a convite deles, e para complementar o trabalho do Ballet Jovem, eu faço aulas no Círculo da Dança, em outras academias e participo de projetos.”

Em relação à família, João se sente muito grato. Quando perguntado sobre a reação de seus pais, eles nos contou que: “Foi muito legal, pois como minha irmã já dançava, eles já estavam acostumados com a ideia. Comecei a dançar como hobby e acabou virando algo profissional muito rápido. Decidi que iria ser isso e por eles terem me apoiado, tanto emocionalmente como financeiramente, foi maravilhoso. Fora o carinho, mesmo longe”.

Por ser catarinense, João conta que logo que chegou a BH, se apaixonou. “(…) Me apaixonei pela cidade. Inclusive pelo forte apelo cultural que a cidade possui, é bem “aceso”. Há vários grupos diferentes, aqui é um polo de várias companhias de dança, com seus respectivos estilos”. E sobre ser bailarino do Ballet Jovem? “Ele (Ballet Jovem do Palácio das Artes) é essa “ponte”, de escola para o profissionalismo. Me formei muito novo. Lá, eu e mais 25 jovens encontramos um lugar para estar, nos desenvolver e se profissionalizar”. Com a recente notícia de que a Cia. De Dança do Ballet Jovem permanece, ele diz que “estamos muito receosos ainda, mas com uma esperança, pois foi apresentada uma proposta muito interessante, de transformação (…) Foram dois meses de manifestações, de luta. Foi muito desgastante. Então qualquer retorno que tivermos agora, é um retorno que nos deixa muito gratos, pois estamos lutando pelo nosso espaço.”

Marisa Pivetta entregando o prêmio de Melhor Bailarino para João (Foto: Bruna Dias)

Marisa Pivetta entregando o prêmio de Melhor Bailarino para João (Foto: Bruna Dias)

Simpático, João conta que não teve experiências fortes de preconceito. “Sempre lidei muito bem com isso, me assumi verdadeiramente como bailarino (…) Essa confiança não é todos que possuem, mas ela me ajudou, se caso ocorresse alguma situação desse tipo, saberia lidar.” Quando perguntado sobre o momento mais especial de sua carreira, João foi categórico: “Minha carreira não é muito grande… Mas acho que foi quando comecei a apresentar com o ballet jovem trabalhos de pessoas que eu admirava muito e que criaram as coreografias, como o André Mesquita (…) Nem sei se mereço tanto. Mas por exemplo, esses prêmios e indicações em festivais e até mesmo ter passado pela escola do Bolshoi, é muito gratificante.”

Falando um pouco sobre sua formação, ele diz que “foram três anos de dias inteiros de curso de dança contemporânea para me formar no Bolshoi. Lá a rotina de ensaios e apresentações é muito intensa. Foi um contato, querendo ou não, muito profissional, mesmo jovem. É uma cobrança muito profissional, a rotina é pesada”.

Focado na faculdade de artes visuais, João não tem certeza se participará do YAGP (Youth America Grand Prix): “Acho que se forem datas boas… Acaba sendo um conflito de agendas (…) De repente estou aqui, em BH, longe dos meus pais… Vivendo disso! É muito engraçado”.

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