“Trabalhar com o corpo não define opção sexual”

Conversamos com o Bailarino, professor e coreógrafo, Ítalo Augusto (foto), 21, belo-horizontino, que iniciou sua trajetória na dança 12 anos atrás na companhia Zoe Cia Cênica.

Ítalo Augusto. Foto: Bruna Dias

Ítalo Augusto. Foto: Bruna Dias

No ano de 2003 iniciou suas pesquisas autorais no grupo Zoe Cia Cênica, estudou Ballet clássico no Grupo Mineiro de Danças Clássicas (GMDC) e participou do grupo profissionalizante Primeiro Ato Escola de Dança. Atualmente dirige o Intrínseco Coletivo de Criação, e integra o Coletivo Partilha.

Após anos dedicados a dança, Ítalo Augusto, nos conta um pouco de sua trajetória, como surgiu o interesse no Ballet e as dificuldades encontradas. “Meu interesse surgiu quando uma igreja do bairro onde morava estava aplicando aulas de dança contemporânea e de ballet clássico. Quando comecei as reações das pessoas eram de preconceito, ignorância, não aceitação. Tive que fugir de casa inúmeras vezes para poder dançar. Já fui tirado do palco por extremo machismo, dos estereótipos de que “quem dança é só gay”.

Ítalo conta que, certa vez, desistiu da dança devido às dificuldades, “Inclusive já desisti, fiquei alguns anos sem dançar, sem reconhecer meu corpo como instrumento de trabalho, sem fazer de fato o que amo . A profissão artística é muito difícil.” Ainda deixa sua opinião em relação aos preconceitos sofridos por bailarinos, “É ridículo! Dançar, trabalhar com o corpo não define opção sexual, só te torna mais íntimo de si. O que todos deveriam fazer é conhecer as inúmeras possibilidades corporais que a dança proporciona antes de julgar.”

Ítalo Augusto. Foto: Bruna Dias

Ítalo Augusto. Foto: Bruna Dias

Após anos de dança, ítalo, nos conta o momento mais marcante na sua carreira e fala sobre as diferenças de oportunidades para homens e mulheres neste meio:“O momento mais marcante para mim, foi a formação do coletivo Intrínseco, que hoje é uma parte do meu trabalho autoral, com as pessoas que trabalhei desde muito tempo. É muito difícil se impor e manter algo autoral ultimamente, então para mim foi uma grande realização.” Sobre as oportunidades, Ítalo comenta que, “As oportunidades estão escassas para qualquer área da dança, mas no contemporâneo a aceitação das singularidades corporais está um pouco mais presente” O professor e coreografo, finaliza comentando a mudança no cenário da dança na capital mineira e ainda mostra que a nova geração de homens bailarinos vem com muita disposição. “Muita mudança. Aliás, acho que a nossa geração veio com muita disposição de continuar quebrando todos os tabus que existem na dança.”

Ítalo Augusto. Foto: Bruna Dias

Ítalo Augusto. Foto: Bruna Dias

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